Com saídas semanais por estrada ou BTT é estranho como nos habituamos à estrada ou aos trilhos onde andamos regularmente. Se porventura é a Marginal de Lisboa que fazemos, já conhecemos as tampas da sarjeta antes da 1ª rotunda de carvcavelos, ou o remendo de alcatrão na direcção de Cascais que existe em Paço de Arcos (que agora remendaram melhor). Tambem é extraordinário com nos habituamos às alterações da estrada; que dizer do novo piso da rampa do Castelo da Pena (obrigado Camara Municipal de Sintra) , ou da degradação cada vez maior do alcatrão no cruzamento da Azoia (desobrigado Camara Municipal de Sintra).
Mas na terra a situação é a mesma e o nosso corpo e mente prepara-se (adapta-se) para tudo isso com uma enorme facilidade. O rego que surgiu no trilho com as ultimas chuvas já está registado para a volta da próxima semana, tal como registado está o aparecimento daquela gigantesca poça de água e da escapatória pela direita. No entanto nenhum de nós vai para casa "marrar" estas diferenças para o "exame" da semana seguinte
Tudo isto poderia, provávelmente, ter a ver com a nossa "menos rápida" velocidade (comparando com os motorizados) , permitindo ao nosso cerebro captar e armazenar todos os detalhes. E daí talvez não, pois eu conheço perfeitamente aquele ressalto na descida da Malveira da Serra embora passe lá a 50 km/h !! Esse registo é tão nitido que 2 metros antes já estou à procura do ressalto, um metro antes já levantei o real traseiro do selim.
Agora esta nossa capacidade vira pura feitiçaria quando passamos com a familia nos mesmos locais !!! A enumeração continuada de todos estes pormenores aos nossos acompanhantes é objecto de uma profunda estupefacção ! Se nunca experimentaram façam-no da próxima vez. Se porventura teem crianças novas é o máximo. Posso garantir-vos que são passados à qualidade de "mágicos" muito rápidamente, para os miúdos a viagem adquire uma aura de loucura com eles a gritarem interrogando-nos sobre o que aí vem. Experimentem. Quanto aos graúdos cansam-se rápidamente.... um pouco como ir a Àfrica fazer um sáfari, o primeiro antilope é um sucesso, mas ao décimo quinto e sucessivos já nem ligamos, por mais extraordinária que seja essa visão.
Outro aspecto interessante é a memória histórica que adquirimos. Esta memória permite preservar determinados detalhes dos trilhos onde passamos, mesmo que novos pormenores os tenham substituido. Eu diria que passamos a ter um registo evolutivo pois não esquecemos o passado mas ao mesmo tempo sabemos o que agora nos espera, atrás daquela curva. Se lá passamos com frequência os registos são muito exactos e adaptam-se à sua evolução, se porventura é raro lá irmos a nossa memória por vezes distorce-os, ou pelo menos guarda deles uma memória que se relaciona com a nossa forma fisica. É o caso daquela subida em S. João Das Lampas que eu referenciava como aterradora, no entanto a ultima vez que lá passei era bem menos complicada. Será que a memória ficou distorcida ou era a minha forma fisica na altura tão má que "aterradora" foi como a senti ? Não sei mas que foi uma agradável surpresa isso foi !!
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