Tal como tudo na vida, por mais que queiramos esquece-lo, a partilha da estrada ou dos trilhos com outros tem regras. A partir do momento em que interagimos com outros ciclistas ou utentes das vias (estrada ou trilho) onde circulamos, temos de criar formas de harmoniosamente nos movermos. Se existem regras básicas que todos conhecemos, tal como não circular nos passeios, existem outras que confinando-se aos ciclistas apenas a eles são conhecidas. Ou pelo menos deviam sê-lo. Toda esta introdução deriva de dois factos que comigo se passaram nesta epoca festiva. Acho que vou enumerar uma regra de cada vez e nessa altura explicar o que se passou, vamos então à primeira :
“Não “chuparás a roda” de outro ciclista sem antes pedir autorização “ – Com uma aplicação mais “alcatroeira” esta regra é tantas vezes esquecida. Qualquer ciclista sabe que ir atrás de outro chega a representar poupanças de energia de cerca de 30%. Estapoupança varia directamente com a velocidade e é pouco sentida no BTT pois circulamos, em geral, mais devagar. Nada é pior que um ciclista sentir que anda a trabalhar para outro sem este pelo menos ter pedido autorização. É um pouco como alguem tirar vantagem do nosso trabalho. Pior é ainda, quando em conversa de café nos surge alguem a vangloriar-se de se ter “aguentado” atrás de um “pro” da estrada. Pudera assim tambem eu !!
Vem esta regra a proposito do ciclista que de forma descarada se pendurou perto da Parede e que até Algés apenas liderou na subida da Belavista. Teve inclusivé a “lata” de esperar no topo para voltar a “chupar roda”. Ter-nos desejado um “bom dia” no final foi uma sorte !! Se querem chupar roda peçam autorização senão mantenham-se a uma distância decente.
“Nas descidas darás prioridade e o melhor piso a quem sobe” – Esta regra é toda BTT não tendo grande aplicação no alcatrão. Quem sobe, seja qual fôr o seu nivel, está sempre numa situação de maior dificuldade em comparação com o ciclista que desce. Esta situação de “inferioridade” dá-lhe prioridade na escolha do melhor trajecto e piso para subir. Por outro lado quem desce deve adaptar-se sempre às escolhas feitas pelo escalador. Esta prioridade é total, se necessário o ciclista que desce deve parar e esperar que quem sobe passe no local que se afigura mais estreito, mais técnico ou de passagem em ambos os sentidos inviável.
A referencia a esta regra surge devido a um episódi ocorrido hoje no “Monje” (Sintra) subida sempre dura e com zonas mais dificeis. Neste caso fui obrigado, em conjunto com outros escaladores, a fugir para uma zona de piso técnico pois vários ciclistas que desciam não prescindiram do piso mais liso e fácil. Não deixei de fazer a subida mas tambem não deixei de gritar esta regra de ouro. Pode ser que da próxima vez nos reservem o lado “bom” do trilho. Pelo menos a esperança é essa.
Uma nota final para reagradecer ao ciclista que no Mone me puxou até lá acima. Fiz o agradecimento na altura (outra regra) pois a luta foi “mano a mano” mas aqui fica de novo.
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